Tendo em vista alguns
acontecimentos recentes, decidi fazer um texto sobre assédio moral, algo tão
comum no ambiente profissional hoje em dia e também uma questão difícil, pois
em casos judiciais, é complicado provar.
Estou usando como base para o
texto, o seguinte livro: Assédio Moral – a violência perversa no cotidiano, de
Marie-France Hirigoyen (2006). Então, todos os conceitos serão baseados nesta
autora.
Peguei como base o capítulo 2,
que fala sobre o assédio na empresa.
Então vamos lá...
Por assédio em um local de
trabalho, temos que entender toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se
sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam
trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de
uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho.
Mesmo sendo o assédio no trabalho
algo tão antigo quanto o próprio trabalho, apenas no começo desta década é que
foi identificado como um fenômeno realmente destruidor deste ambiente, sendo
responsável pela diminuição da produtividade, além do aumento do absenteísmo,
devido aos desgastes psicológicos que provoca.
Em seu cerne, o assédio nasce
como algo inofensivo, propagando-se insidiosamente. Num primeiro momento, as
pessoas que estão envolvidas no caso de assédio, não querem se mostrar
ofendidas e acabam levando na brincadeira desavenças e maus-tratos. Com o
tempo, estes ataques vão se multiplicando e o assediado é seguidamente acuado,
posto em situação de inferioridade, submetido a manobras hostis e degradantes
durante um período maior.
Frequentemente, o assediado não é
aquele que possui qualquer tipo de patologia ou é considerado frágil, mas sim,
aquele que reage ao autoritarismo de um chefe, ou se recusa deixar-se subjugar. É sua capacidade de
resistir à autoridade, apesar das pressões, que a leva a se tornar um alvo.
Quando o processo de assédio se
estabelece, a vítima é estigmatizada: dizem que é de difícil convivência, que
tem mau caráter, ou então que é louca. É atribuído a sua personalidade, algo
que é consequência do conflito e esquece-se o que ela era antes, ou o que ela é
em um outro contexto. Uma pessoa que é acuada desta forma, não consegue manter
o seu potencial no máximo, acaba por ficar desatenta, diminui sua eficiência e
torna-se alguém mais suscetível às críticas sobre a qualidade e seu trabalho. Torna-se,
então, fácil afastá-la por incompetência profissional ou erro.
Quando questiona-se quem agride
quem, existem algumas situações como: um colega que agride outro colega, um
superior que é agredido por seus subordinados e um subordinado que é agredido
por seu superior. Neste texto, vou me
focar num subordinado que é agredido por seu superior.
Esta situação é demasiado
frequente no contexto atual, em que se busca fazer crer aos assalariados que
eles têm que estar dispostos a aceitar tudo se quiserem manter seus empregos. A
empresa deixa um indivíduo dirigir seus subordinados de maneira tirânica ou perversa,
ou porque isso lhe convém, ou porque não lhe parece ter a menor importância. As
consequências são muito pesadas para o subordinado.
Pode ser simplesmente um caso de
abuso de poder: um superior se prevalece de sua posição hierárquica de maneira
desmedida e persegue seus subordinados por medo de perder o controle. É o caso
do poder dos pequenos chefes.
Pode ser também uma manobra
perversa de um indivíduo que, para engrandecer-se, sente necessidade de
rebaixar os demais; ou que tem necessidade, para existir, de destruir um
determinado indivíduo escolhido como bode expiatório.
Alguns superiores tratam seus
subordinados como crianças, outros os consideram como “coisas” suas, que podem
ser utilizadas a seu bel prazer. Quando se trata de uma pessoa que trabalha com
criação, por exemplo, ou com situações de necessitem de iniciativa, pró-atividade,
inovação, o superior extingue no seu subordinado, tudo que ele poderia ter de
inovador, toda sua iniciativa. No entanto, se o empregado é útil ou
indispensável, para que ele não vá embora, é necessário paralisá-lo, impedi-lo
de pensar, de sentir-se capaz de trabalhar em outro lugar. É preciso levá-lo a
crer que não vale mais que sua posição na empresa. Se ele se torna resistente a
esta situação, é isolado. Não lhe dão nem bom dia, ele é ignorado quando dá
alguma sugestão, recusa-se-lhe todo e qualquer contato. Na sequência começam as
observações ferinas e desabonadoras e, se isto não basta, aparece a violência.
Quando a vítima reage e tenta
rebelar-se, a maldade latente dá uma a hostilidade declarada. Tem início, ai, a
fase de destruição moral, que já foi denominada de psicoterror. Neste momento são
permitidos todos os meios para demolir a pessoa visada, inclusive violência
física, o que pode levar a um aniquilamento psíquico ou ao suicídio. Nesta
forma de violência, o interesse da empresa some da vista do agressor, que quer
unicamente a derrota de sua vítima.
A autora diz que dar queixa é o
único meio de acabar com este psicoterror. Porém, neste caso, é preciso muita
coragem pois, via de regra, esta queixa gera uma ruptura definitiva com a
empresa. É normalmente quando se chega a uma situação-limite que a denúncia é
feita. A questão é que, mesmo sendo feita tal denúncia, nem sempre existe a
certeza de que esta será acolhida, nem que o processo desencadeado venha a ter
um resultado positivo.
Bom, acho que por hora, é isso...
se deixar, posso escrever muito mais, mas acho que para se ter uma ideia de
como a coisa funciona, já está de bom tamanho.
Você é vítima de assédio? Conhece
alguém que seja? Comente!!!!
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